Carrego no peito um coração que pulsa e uma esponja que suga o mundo.
Sou celeiro dos pedaços colhidos ao longo das trilhas percorridas
e das escolhas feitas na leve certeza de estar aqui.
Por vezes, sou apenas fragmentos.
Só assim existo.
Despedacei-me tantas vezes julguei necessárias
e tantas outras erigi o molde em mim.
Fui correnteza bravia arrastando anseios guardados em ermos espaços
meu e de outros.
Também laguna,
Ave faminta em jardins de esperanças, suguei o néctar de cada flor para nutrir ilusões.
Experimentei misturas que brotam no seio vida.
Fui vida.
E porque ousei ser e não ser
[negando a homogeneidade de meus contornos]
suplantei vicissitudes.
Hoje sou paiol.
Pulsante, sorvo a concretude liquefeita,
absorvo e regurgito ais, alegrias.
Sou vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário