quinta-feira, março 05, 2009

Estranha

Sou mulher.
Como um jogo solitário, um puzzle dificil de encaixar, com peças soltas e outras no seu lugar.
Nas horas que passo sozinha, revejo episodios na minha vida e tento entender, sem adjectivar, apenas identificar esta e outras equações que identificam esta minha forma de ser.
Os corpos ganham forma à medida que a minha procura de razoes vai adicionando sonhos e vivencias a este quadro.
Cresci com a estranha sensação que não pertencia aqui, que em meu redor as gentes pareciam saber sempre a direcção a seguir. Eu não. Glamorizava sonhos possiveis, imaginava viagens necessárias, nunca estava aqui, desenhei os contornos dos homens que amaria; e nada se refletia na minha imagem em frente ao espelho.
Sempre vi uma estranha em frente ao espelho.
Decadas mais tarde, nada mudou.
Sou me familiarmente estranha.

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