sábado, janeiro 16, 2010

A noite fria lá fora, entrou pela janela sem perdão, a mesma janela com que a imaginação me dá noções convexas e a magnificência das palavras ditas, na necessidade de mantermos intacta a expressão.
Enquanto a ilusão abalava, de malas feitas, enquanto ripostava com todas as minhas forças, que não pode ser, não é assim, que eu sei mais que isso, cá dentro fervia a minha alma, de desilusão infinita.

Sai de mim, só para me assistir, pela ultima vez, ao meu esbracejar, parei para me ver chorar com a dor que me assiste, chorava a farsa, chorava as palavras vãs, chorei até já não ficar nada. Chorei sem lágrimas que as guardei só para mim, e as que cairam na minha cara, foram mais fortes e eu não consegui esconder.
Numa sala escura onde me mostraram irmandade, onde me quis crer ser verdade, desenquadrada por não ver, e eu vi, vi sempre, vi as mesmas capas, as mesmas farsas, vi bocas roucas de dadivas disfarçadas de alivio. Vi-me a mim, nas bocas presentes e mais ainda que achei ser reticencia.

Medo, medo é saber que tenho pela frente uma palavra obrigada antes de me entregar como sou, medo é acordar de manhã e aceitar que as minhas caraminholas não passam assim, nem a toque de faca nem palavras, medo é olhar em volta e não aceitar nada. Medo é ter que ouvir das bocas do mundo que não passa nada, e eu sei que passa tudo e eu vejo.
Medo é sentir que seria mulher se fosse mãe, e não sou, por mil motivos, medo é agradecer a verdade da boca de amigos e a seguir, estar comigo.
Medo é esta hipocrisia que eu antecedo sempre em credo à minha própria razão. Medo é a viagem que me espera até os meus olhos já não verem e a unica coisa que pedi não acontecer. Medo é esta vida que me leva e não faz mal, que eu gosto dela, mas não é isso, é o que está cá dentro, são as faces coloridas que o meu Deus me mostrou serem só mascaras.
Medo é ver os olhos famintos de quem nem me conhece, é não estar em lado nenhum, é construir por mim e a seguir ter esta capacidade de deitar tudo ao chão em toque de mágica, medo é acreditar do mais fundo de mim no que não existe, nunca existiu, não há.
E o que vai ser de mim assim? Vai ser, certamente uma qualquer caminhada, uma estrada qualquer, vão ser dias de mim e outros ausentes, vai ser o que sou e está cá dentro à espera não sei de quê.
Não quero ninguém
Não preciso de ninguém
Não preciso que queiram que eu fique bem
Eu vou ficar bem sem falsidades, sem analises, de consciencia, dei tudo o que sei e senti, em troca recebi, nada.
Não gosto deste mundo, não gosto de pessoas especiais, não gosto de salas escuras onde só há mentira, não gosto de ouvir a verdade vinda de fora. Não gosto de amoras, não gosto de mares sem sal, nem rios parados, não gosto de passaros que afinal são imagem, não gosto da corrente que passa por uma qualquer, não gosto do preço das palavras.

Eu, só pedi a verdade, só pedi que visses o quanto eu sou especial, não por dizer, nem fazer, é porque sou mesmo assim. E que cuidasses de mim, porque eu te ofereci o que tinha em mim e o que me faz.

Não sou convenção, nem está tudo bem.
Está tudo mal, está tudo errado, e é assim que eu quero que fique.
O resto é comigo

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