terça-feira, fevereiro 09, 2010




Esgotei as palavras de sentido, se soubesse pintar seria apenas um vulto desenhado  num areal despido, de mãos demasiadamente pequenas, cara escorrida de olhar perdido, da soma do nada, juntados pedaços sublimes e pertences poucos.
Deixo-me agora, não me conheço, não me encontro.

Peço só à minha mente que me deixe agora, enquanto me  procuro, desfeita.
Tremem-me as mãos, treme-me a voz, a minha mente não me conhece, 
e eu conheço cada veneno que bebo, um atrás do outro, consciente, demente.
Até um dia, o que quer que eu seja.

Cá dentro, chora um passo primeiro, um segundo pioneiro, de respeito, de coerência, e sabedoria de me dizer que não sabia, julgando não dizer. Saem-me palavras em silabas, despidas de significado, respiradas apenas, do desespero de me ir dizendo tão baixinho, que cá dentro, mora ainda, a verdade de um caminho que só eu percorri. 
E se um dia, as palavras me saírem, iguais ao sentido com que o meu corpo as verteu, se a agua que me corre, servir, para lavar de mim a herança plena das minhas mãos, estarei aqui, feita de todos os bocadinhos de mim, para as deixar.
Agora, quero só silencio, purgar-me desta penumbra erguida, desta voz que não me fala, deste sorriso inventado, de cada pegada, e da guerra que me destroi por dentro.

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