domingo, fevereiro 21, 2010

Memória de um sonho

O Duomo adormece o poente, numa palete de cores salpicada pelo voo dos pombos na praça. Ouvem-se tambores e saltimbancos, e os estudantes recolhem os rasgos nas telas iluminadas pelo conhecimento. Dos claustros, ecoam canticos e silencios guardados, livros dançam nas mentes de quem passa, a vida refaz-se nos tons do ocaso. A ponte de Vecchio fervilha nos contornos sublimes da urbe e da agua corrente.

O meu pedido pequeno, na boca do javali, era uma prece sussurrada, das mãos quentes de ti. Sublimados os passos, dançamos no largo sem destino, como sempre antevimos no olhar. Brilhamos de anonimos, de sorrisos que soltamos à Historia Universal que Firenze regista.
O peito respira, corpos renascidos da presença, aclamadas memórias esquecidas, não sabemos o que nos trouxe aqui, mas foi aqui que sempre aspiramos olharmos, foi aqui que dançamos nas noites despidas de voz.
Estão vazias as tuas mãos, assim como as minhas, tocam-se, apertam-se num compasso de vida que durou três luas e os gritos da desordem e do tempo que agora aclama.


Guardamos no fundo dos olhos, de onde se avista a alma. Vivemos, chegamos e partimos, sempre estivemos aqui e em todos os lugares que nos moveram e geraram este sopro que o mundo oferece a quem ama.
Somos fantoches, amantes, sublimes pontos nesta cidade encantada.
Aqui ou noutro lugar. Ofereço-me a ti, no que sempre te pertenceu, julguei-me dona de mim quando a minha alma apenas me retorna para anunciar que sou eu, mas em ti!

Há muito tempo, sentada na praça, deslumbrada com a magnitude deste lugar, vi-te, sonhei que existias e que o meu caminho só faria sentido, na tua direcção... Onde me perdi? 

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