sábado, fevereiro 20, 2010

A voz da Terra


Edward Hopper


A voz da terra grita alto, chora e reclama a sobriedade da sua magnitude, lembra a ordem da criação, impõe a destruição e humildade. Fascinada pela dimensão, reconheço a pequenês que nos molda. A natureza fascina-me, rendo-me ao fogo dos sentidos, zangada a terra acorda, lava as obras, mata e grita. Grita ordem?
Não sei!
Deixo o perigo que me corre nas mãos, submissa à magnitude, deixo uma palavra a quem molda nas mãos rudes, a força, a desordem. Rendida, não tem explicação, explosão avassaladora, por nada ou por qualquer motivo que nunca entenderei.
Água, fogo, e a minha mente enganada, por isso não lhe creio, por isso aprendo que a voz dos sentidos é mais expressiva. 
Lamento as vidas, sinto a responsabilidade da força dos elementos que manuseio, do perigo. E fascina-me porém, a paixão da desordem que me ordena por fim. A equação é apenas o resto da divisão e a prova dos nove. Simulada, enganada, rendida, ouço apenas o que a minha alma me diz, sou tão pequena, afinal, sou grão de trigo por colher, leio um livro, bebo palavras, faço figas a esta margem convergente, são duras as minhas mãos. Lição mais crescente de vida.
Bebo agua salgada, o mar revolto transborda de palavras, de mão apontada diz, fala, e eu vejo os sinais como sinos ancestrais que me estremecem por dentro. Aprendo, aprendo mais, sinto os meus pés crescerem, falo alto, digo o que o meu corpo já mostra há tanto tempo, "disconforme" entre mim e a minha forma.
Conto as horas, uma a uma, badaladas tão bonitas!
Descubro a tela em branco que a meio da vida, arrisco esboçar, tremem as mãos, riscos sentidos, tempo, ordem, ao longe o horizonte explode em milhares de cores que mal conheço. A terra transpira de ensinamento. 

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