quinta-feira, agosto 27, 2009

Corrente Liberta

Extasiada e convicta, sofrida e serenada, ergo agora eu, as minhas mãos soltas perante o espaço. Destrui a fé, envergonhada pelo ultimo gesto de ilusão efémera, fugi, depressa, lavada a cara pela agua que soltei, gritei do fundo da minha alma.
Quero-me a mim.


Exasperada raiva que finalmente chega, soltei a minha voz, finalmente as palavras são minhas, brotam do mais fundo de mim, de uma lucidez renascida, estou viva, os meus braços erguem-se, o meu corpo estremece, estou aqui.


Ah, correntes libertas refrescam a minha cara, por fim, vejo, vejo tão bem. Entendo, sei, sinto, não quero saber, não quero ver mais.

Quero-me a mim, quero a minha verdade, o meu sonho, o meu direito a falar de mim, quero rir como ria, quero dançar para mim, quero ser pequena e não ter vergonha pela imensidão que guardo, quero falar alto, quero sair daqui.
Por fim.

Acarinho-me com o que gosto, leio, ouço, travo a minha luta, outra agora, guerreira de mim, reerguida do tempo que me assiste, no meu espaço, sem a ironia de quem insiste em punir mais, como se não fosse suficiente a dor que já sentiamos.
A dor que me assola, mata.
Nunca pedi nada.

Não quero nada.
Quero-me a mim.

Enebriei-me esta noite com pedaços do sonho verdadeiro, aquele em que me quebro, textos que me acarinham, imagens que procurei, palavras amigas, sitios que me habitam, gritei o mais alto que pude, estou aqui, em mim!

É este o meu verdadeiro patrimonio, o resto ilusão, o meu tempo passado, o tempo futuro, a minha vida e o meu despertar, estou só, sempre estive, a guerra foi-me delegada com medo da responsabilização, o meu mundo chama-me agora temente, oferecendo-me o que nunca tive mas mereci. O meu sonho, cansado divaga em prazeres reclamados e vazios que me feriam como a ele, punitivo.

Eu tinha razão em acreditar que o sonho não existe e descobri que o meu mundo deve ser a caminhada que começa aqui na direcção que, cega, sempre vi. E assim, o meu mundo e o meu sonho. E eu escolho-me a mim!
A banalidade de ver reflexo do que se é, do que se insiste ser, a regra do tempo que se impõe, estando ausente, a humilhação do meu sentir, de não se conjugarem verbos, mesmo distantes e entendidos, e acreditar, em quê?
Em mim!

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