quarta-feira, agosto 26, 2009

Maré vazia

As vagas, visitam os pés que enterrei na areia, presa em terra, torno-me enseada, dos remoinhos decrescentes, desistentes, descrentes... Pés cravados e maré vazia.Outrora, rodava um pé na areia e achava conquilhas nestas marés. Hoje, enterro os sentidos e olho o mar.

Vejo-o abraçar ilhas, conduzir barcos rumantes, amigar-se de ventos e estontear-se contra as arribas, não consigo deixar de sentir a solidão deste mar imenso, enquanto me assola a imaginação da sedução das conquistas.

Em silêncio, na minha praia, deserta e agora seca, as gaivotas ensaiam voos picados, as arribas escondem o Sol quente, areia fria, os ventos riem dominantes. Sou corpo em areia sedimentada, iluminada de uma frieza fulminante. Solto lágrimas libertadoras, desenterro-me.Emerge em mim...
O meu mar será sempre de um azul brilhante.

Cada grão, meu património, cada história, companhia, despida, fico cheia de uma vida que mereço, deixo uma pedra branca em cada passo, em direcção às planicies que me encantam, em busca do calor e do meu tempo.

As marés vazias precedem marés cheias.

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