segunda-feira, agosto 24, 2009

Correntes prometidas

Desci do alto desta serra, parei no meu canto e deixei que o vento me remexesse, abanasse o meu corpo, lavasse a minha cara que hoje permanecia molhada e quente.
O tempo, o tempo!
Esta porta aberta ao mundo que não conheço, tirou-me vida construida e deu-me um horizonte que aspiro e me derrota, da minha porta, nao me vejo. Porta que nem é minha, semi aberta, de rompante, num abrir tão cheio de luz e de vida, da vida que conheço, que sonho.
No meio do mar, antes do horizonte, erguia-se um barco à deriva, sem rumo e em silencio. Daqueles silencios quase ensurdecedores, ao longe vi para além da bandeira hasteada, do leme solto,vi que me acenava despropositadamente, como se pretendesse mostrar que não via, não queria ver. Vi a magia das correntes prometidas que me falavam do mar, que rumavam perdidas mas na minha direcção.
Dei dois passos, descalcei-me e saboreei a areia, deixei que a agua me inundasse, fria, aquecendo a minha vontade de me inundar desse mar, na corrente convergente, rumo ao sol distraido que brilhava por mim nesse dia.
(continuará, um dia...)

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