sábado, agosto 22, 2009

Ilusão

Tinham soprado ventos fortes e o frio ainda era sentido nas mãos que teimavam em não aquecer.
As ultimas horas, feitas de olhos cansados, tinham sido proveitosas, mas uma estranha sensação de vazio dilecerava-a desde o dia anterior.
Ouvira noutra boca, palavras suas que ousava calar sempre que ouvia. Eram rajadas de outro vento, tormentos tornados verdade , a simples negação desta forma de existir.
Saboreava a sensação de estar assim, de se permitir não querer saber.
As interrogações há muito que se haviam tornado arrogantes e desconexas.
Não queria mesmo saber. Queria viver, queria continuar sem parar antes para pensar.
Há perguntas que só fazem sentido caladas.
Qualquer resposta não vale nada.
Faltava qualquer coisa, não era só aquele vazio a que já estava acostumada, era um misto de opressão e desilusão.
Esta dor que a transborda agora, que desperta o desencanto de uma verdade postuma, sem dia, sem hora, fruto erguido, semente já morta...
Que doce a ilusão...

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